quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Dinheiro e Fé

Pr. Armando Bispo (in http://blog.opovo.com.br/cotidianoefe/dinheiro-e-fe/)

Dinheiro e fé não se misturam muito bem, quando um é usado para alcançar o outro. Quando a boa fé do povo é explorada para a obtenção inescrupulosa de dinheiro fácil, acumulado nas empresas e nas contas particulares dos pastores do capital, temos uma nódoa religiosa manchando a mensagem de Jesus.
Quando a fé simples dos campesinos, interioranos ou romeiros é explorada para a construção de basílicas, catedrais e bancos de um Estado Religioso no coração europeu, temos os sepulcros caiados muito parecidos com os monumentos da enlameada Brasília, causando a rejeição do evangelho por parte de uma geração que clama por autenticidade e simplicidade da fé.
Comunidades eclesiais de base, ou, simples pequenos grupos de pessoas que se reúnem de casa em casa, conectados a uma base de liderança simples, transparente, de caráter comprovado, com cheiro de gente, sem pompa e sem paramentos, podem oferecer à sociedade maior segurança quanto a aplicação dos bens e recursos trazidos pelos fiéis para o benefício da própria comunidade.
Ressalva feita aos inocentes abnegados ligados às empresas da fé ou a Santa Igreja Estatal, temos nas declarações dos críticos desta religiosidade a mais pura verdade - “A religião é o ópio do povo”, afirmava Karl Marx.
O que pode parecer uma declaração herética, passa a encontrar eco nas palavras de Jesus diante dos sacerdotes da sua época, da suntuosidade do Templo e das ordens sacerdotais… – sepulcros caiados. E, quando hoje, em nome da cultura, do folclore e do turismo fomenta-se o negócio da fé, usando inclusive o dinheiro público, podemos concluir que Marx atacou a caricatura do cristianismo, da mesma forma que Jesus atacou nos seus dias a caricatura do judaísmo.
Se os recursos “universais” da “Sé” fossem canalizados para o simples sustento dos vocacionados, para o treinamento e mobilização da grande e pequena congregação, sobraria muito mais recursos para investir, em nome de Jesus, na educação das crianças, na manutenção da ordem familiar, na recuperação das mais diversas formas de adicçao, na ação social efetiva e na propagação do Evangelho que devolve a cada indivíduo o acesso direto ao Pai, sem intermediários, sem milagreiros e sem sacerdotes.
Vale a pena meditar na letra da música “Tudo é vaidade”, interpretada por João Alexandre.


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